« ... todas as
cosmogonias sem excepção baseiam-se, entrelaçam-se e intimamente se relacionam
com números e figuras geométricas.
Um Iniciado dirá que
estas figuras e símbolos dão valores numéricos, baseados nos valores integrais
do círculo, chamado pelos alquimistas ‘A secreta morada da sempre invisível
Divindade’... Relacionando as ideias com os números, podemos operar com as
ideias das mesma maneira do que com os números, estabelecendo, assim, a Matemática
da verdade.»
Introdução
Durante muitos séculos estes conhecimentos sobre a
existência de uma chave «lexarítmica» de interpretação na tradição e língua da
antiga Grécia, ou seja, de uma verdadeira Ciência «Cabalística» grega, esteve
esquecido ou oculta aos olhos da cultura europeia, juntamente com tantas outras
conquistas civilizacionais dos antigos gregos, enquanto, por outro lado, o
velho continente se orgulhava de ser o herdeiro directo da Grécia.
Desde a queda do Império Romano do Ocidente com a invasão
das nações bárbaras até à época do Renascimento Europeu, a antiga cultura grega
e juntamente com ela as Ciências, as Artes e as Letras que constituíam a
principal conquista da civilização ocidental, foram cobertas pelos véus do
esquecimento. Pouco a pouco e com o florescimento dos estudos clássicos nos
países mais adiantados do Renascimento, redescobrem-se realidades como a
esfericidade da Terra, o sistema heliocêntrico, as leis da Óptica, da Anatomia,
da Química, da Biologia, a perspectiva na Pintura, o movimento dinâmico na
Escultura e na Arquitectura e tantas outras descobertas.
Hoje somos conscientes de que o Partenon da Acrópole de
Atenas constitui, só para citar um exemplo, um maravilhoso livro de pedra de
conhecimentos matemáticos, de óptica e de perspectiva, de Geometria e de Geodesia,
de Astronomia. Sabemos que os Templos e Centros de Culto mais importantes dos
gregos, como também as velhas Civilizações Iniciáticas em geral, estavam
situados seguindo determinados sistemas geodésicos e geométricos de grande
exactidão e conteúdo simbólico, com distâncias entre eles que configuravam
figuras geométricas que indicavam conhecimentos sobre os números p, f e e (dos
logaritmos neperianos), desenhando sobre a terra as vias das constelações e dos
planetas, assinalando os Centros energéticos telúricos onde fluíam como fontes
de Energias invisíveis (hoje conhecidas como do tipo electromagnético e
telúrico). Esta verdadeira mas esquecida Ciência «holística» (global, total),
capaz de combinar todas as possíveis facetas das diversas Ciências, Artes e
Letras dentro de uma única Cosmovisão, harmónica, coerente e global num só
monumento, templo ou conjunto escultórico ou pictórico, em perfeita simbiose
com o meio ecológico e com o homem, é algo que ainda hoje em dia, em plena
época de alto desenvolvimento tecnológico, nos surpreende profundamente e nos
mostra um grande caudal de conhecimento se soubermos «ler» para além dos
fenómenos de superfície. Inclusive, o facto de ser relativamente recente a época
em que a nossa cultura esteve em posição de estimar, analisar e reconhecer
todos aqueles conhecimentos, acrescenta ainda mais encanto e mistério à
investigação.
Investigadores em todo o mundo civilizado, quer em
tentativas coordenadas quer individualmente, estão a procurar decifrar as
chaves e reestruturar aquela velha e perdida Sabedoria. Seria muito longo
enumerar aqui toda a bibliografia científica a este respeito, em diversas
línguas, que se tem ocupado e se ocupa destes estudos, e, por outro lado, se
afasta, na sua grande diversidade de aspectos do tema concreto deste estudo.
Já desde a época da Baixa Idade Média e do Renascimento, com
a revitalização do interesse pelos estudos clássicos e humanísticos, os
filósofos, escritores e intelectuais da época, em geral, começam a vislumbrar a
tremenda profundidade e importância da Cultura greco-romana. Pouco a pouco, ao
entrar em contacto com ela, chegaram a explicar conhecimentos e ideias que a
sua própria época contemporânea não era capaz de imaginar que pudesse existir.
Teriam de passar séculos, quase até meados do século XX, para que tudo isso
fosse realmente compreendido, assimilado e aceite, e não totalmente, uma vez
que foi em grande parte debilitado – no entanto, ainda sobrevive – o tremendo
sistema de pressão obscurantista da Inquisição eclesiástica, baseada no
fanatismo e dogmatismo que produz cada sistema que se crê «eleito e protegido»
por Deus, em vez da abertura e liberdade de
pensamento, elementos indispensáveis para cada criação e progresso científico e
na investigação.
Entre aqueles pioneiros da «redescoberta» do Saber antigo podemos
distinguir Kepler, Pico de la Mirándola, Dante e Leonardo, Newton e Goethe, mas
principalmente Giordano Bruno, misteriosa e inquietante personalidade do século
XVI, que apenas na nossa última década do século XX começa a ser estudado e
compreendido na profundidade que merece, reabilitando-se o seu pensamento e
obra extraordinários para a sua época e ainda vigente para nós. Foi, no
entanto, queimado na fogueira da Inquisição católica, em Roma, no ano 1600, testemunho
e mártir da liberdade de pensamento e da sua busca da velha Sabedoria
tradicional.
Contudo,
nenhum destes grandes pioneiros da Arte e da Ciência, recriadores e defensores,
cada um na sua área, dos conhecimentos esquecidos do Mundo Clássico antigo,
conseguiu apresentar uma clara panorâmica e uma ideia global dos segredos
culturais dos antigos tanto como Helena Petrovna Blavatsky, a grande
investigadora russa, nascida em 1831. A sua obra de investigação, que surge profundamente
nas raízes tradicionais da Humanidade, através dos estudos comparados de todas
as civilizações, dos seus panteões e símbolos, das suas tradições e
conhecimentos, constitui uma obra incomparável e até hoje ainda não
ultrapassada no seu conjunto.
Incompreendida pelos seus contemporâneos, perseguida pelo pensamento
«oficial» científico e eclesiástico, como sucede a todos os pioneiros em todas
as épocas, apenas hoje estamos em posição de estimar e avaliar correctamente a
sua façanha espiritual e cultural e o seu legado na investigação, pleno de
ideias férteis, audazes e criativas, pleno de inspiração e de novas hipóteses,
muitas delas já reconhecidas hoje como verdadeiras. Muitas décadas depois,
nomes famosos e reconhecidos em todo o mundo científico, como Mircea Eliade,
Joseph Campbell ou F. Kapra, entre muitos, em diversas áreas das Ciências, das
Artes e das Letras, confirmam com as suas investigações grande parte de tudo
aquilo que H. P. B. já tinha dito ou já tinha insinuado quase um século antes.
E a sua memória e recordação, pouco a pouco mas com segurança, vai-se
reabilitando com a sua obra.
Entre os velhos conhecimentos que ela desenterrou do pó do esquecimento,
dos quais alguma recordação parece que se manteve até à sua época em certos
mosteiros do Oriente, onde se diz ter sido Iniciada, vamos destacar aquele que
se refere à existência de um código secreto de Ciência «Cabalística» em Língua
Grega antiga. Embora já desde a época medieval os eruditos soubessem que as
letras do alfabeto grego correspondiam-se com números, ou seja, a representação
dos números levava-se a efeito com letras, Blavatsky é a primeira a referir a
existência de um código com uma chave de interrelações e de transformações das
palavras em números de importância gnoseológica e simbólica, e a inversa, tal
como já era conhecido que existia na tradição hebraica cabalística e mais
concretamente na área ou ramo da chamada «Gematria». Segundo a investigadora,
aquela era uma velha Ciência estabelecida em todas as Línguas antigas de raízes
culturais iniciáticas, a qual tinha ficado como um resto de uma língua
muitíssimo mais antiga, de âmbito universal. Com o passar dos milénios e com a ramificação
dos troncos linguísticos, esta Ciência secreta que permitia «ler» um texto ou
cifra em vários sentidos ou chaves de interpretação (Hermenêutica) e, ao mesmo
tempo, «resguardar» de olhos profanos certas informações secretas, passou a
diversos povos, e, depois, parece que foi esquecida à medida que as Línguas se desenvolveram
mentalmente e ao mesmo tempo perdiam o seu oculto sentido sagrado e
mítico-simbólico. Na Cabala hebraica este conhecimento codificado com as suas
chaves manteve-se, mas noutras muitas línguas foi esquecido, de modo que o
mundo posterior chegou a desconhecer a sua própria existência. H. P. B.
insistiu em que sempre existira e que continuava a existir. Simplesmente tinha
de investigar com uma certa intuição.
Muitos eruditos em Línguas mortas clássicas não lhe deram muito crédito.
Inclusive, com um certo espírito anti-científico, chegaram a zombar das suas
arriscadas mas bem intencionadas hipóteses. Hoje, no entanto, sabemos, pelo
menos no que se refere ao grego antigo, que tinha razão e muito mais
profundidade daquela que então se atreveu a insinuar apesar de não temer nunca
as zombarias oficiais.
Ao longo deste trabalho tentaremos dar ao leitor uma ideia básica de
tudo isto. Se se fizesse, estamos em crer, um trabalho similar no que concerne
a outras línguas como o sânscrito, o persa, o celta ogâmico, etc., uma vez que
nas Línguas latinas também já foi descoberto, estudado e aceite, encontraríamos
grandes surpresas nesta via de investigação.
Há já algumas décadas, e sobretudo nos anos 70, diversos investigadores
com grande intuição, entre os quais gostaríamos de destacar o dr. Theofilo
Manias, começaram a estudar as correspondências de palavras e números na Língua
grega, pondo a descoberto um completo Sistema de codificação que tinha
permanecido oculto e insuspeito até então, com a quase única excepção de
Blavatsky, um século antes. Este sistema em chave foi chamado «lexarítmico»,
como já explicámos anteriormente. Assim, continuaremos com esta mesma denominação
já estabelecida no mundo da investigação e chamaremos «Chave Lexarítmica» de
interpretação àquela que permite a revisão interna ou esotérica, mais profunda,
dos textos sagrados e filosóficos na Grécia segundo este sistema.
Princípios do sistema lexarítmico de interpretação
«... Mais fatigante trabalho requer ainda o simbolismo de Pitágoras,
cuja copiosa variedade exigiria anos de estudo para compreender tão somente a
chave geral das suas abstrusas doutrinas. As principais figuras do simbolismo
são: o quadrado (Tetraktys), o triângulo equilátero, o ponto no círculo, o
cubo, o triplo triângulo e, finalmente, a quadragésima sétima proposição de
Euclides, inventada pelo próprio Pitágoras que, para além destas excepções e
contra o que se pensa, não foi o autor dos outros símbolos».
O sistema
lexarítmico de interpretação dos antigos textos criptocodificados está baseado,
como afirmámos anteriormente, na correspondência e identificação dos números
com as letras do alfabeto grego. Assim, cada palavra contém ou significa
semioticamente um número e vice-versa, conduzindo-nos tudo isso a informações e
relações gnoseológicas que não são diáfana ou compreensíveis na simples leitura
da letra «morta» do texto. Este sistema tem, assim, uma extraordinária
importância na Ciência Hermenêutica, se não isoladamente, em combinação com
outros sistemas interpretativos, como o filosófico, o mítico-simbólico, o
geográfico, o astronómico, o filológico, o semiótico, etc. Por outro lado, uma
vez que é sabido que nenhum sistema pode por si só fundamentar uma obra
hermenêutica realmente efectiva. Contudo, o sistema lexarítmico é de enorme
importância e pode oferecer uma nova luz sobre muitos aspectos se se aprender a
manejar correctamente, como recomendava Blavatsky.
As correspondências entre letras e números em grego antigo, que se
manteve até hoje na Grécia moderna, sobretudo no que se refere aos documentos
oficiais, ainda que desde há século se use normalmente o símbolo arábico nos
números para uso diário, são as seguintes:
Devemos esclarecer que certas letras antigas, que correspondiam aos
números 90 e 900 ( , ) deixaram de se usar desde épocas remotas, antes,
inclusive, da época homérica.
Na sua obra Teologizações da Aritmética, o grande filósofo neoplatónico
Jâmblico refere certos exemplos da velha tradição lexarítmica, como por exemplo
o facto de se somarem as letras correspondentes à palavra «Monas», que
significa Unidade, e se calcularem os seus números, teremos o valor 361, que é
o dos do círculo zodiacal. Realmente, se somarmos (M= 40) + (O= 70) + (N= 50) +
(A= 1) + (S= 200) = 361. também nos diz que o lexaritmo da palavra «kosmos»
(mundo) é de 600, no capítulo «sobre a Héxada», 3720. No capítulo «sobre a
Década» 64-15,20, diz-nos que esta dá nascimento ao número 55, que contém
«maravilhosas belezas» e que o lexaritmo da palavra «Em» (Uno) é também 55,
para além da soma dos dez primeiros números nos dá 55, indicando-nos
ocultamente que a Década (Tetraktis) é na sua essência Uno.
O próprio Jâmblico refere que o uso da matemática das palavras ou
lexaritmos era muito vulgar entre os pitagóricos por razões e usos simbólicos e
mágicos. Estes, no entanto, eram simplesmente os continuadores de uma tradição
muito mais antiga que passava pelos Mistérios Órficos. Quem foram, pois,
aqueles antigos sábios que tinham fundamentado uma tão exacta estrutura em chave
dentro da Língua e da Numerologia? Não o sabemos, mas a verdade é que
constituiu, ao mesmo tempo, uma das mais gloriosas, difíceis e geniais façanhas
do espírito humano que hoje, e com dificuldade, poderíamos tentar imitar com a
utilização dos modernos computadores electrónicos.
Desde Homero, com as primeiras obras literárias escritas conhecidas em
Língua grega, até ao último grande filósofo neoplatónico, Proclo (século IV d.
C.), passando por Pitágoras e Platão, todos utilizaram essa linguagem simbólica
e codificada dos lexaritmos, como demonstraremos mais à frente. Contudo, até há
pouco tempo, esta linguagem era desconhecida e as insinuações de H. P. B. sobre
tão importante questão ficaram na sua maioria como «voz que clama no deserto».
Pensamos que é já tempo de serem reconsideradas e avaliadas de modo sério e
axiológico.
No volume II da sua monumental obra A Doutrina Secreta, que trata da
síntese da Filosofia, Religião e Ciência antigas através de estudos
comparativos, a escritora afirma o seu postulado, apoiando-se nas palavras do
místico e cabalista Sir Ralston Skinne quando diz: «quem recebe isto está completamente seguro de que houve uma antiga
Linguagem que se perdeu para os tempos modernos, pelo menos até à presente
época, mas cujos vestígios, no entanto, existem em abundância... A
particularidade desta Linguagem era o facto de poder estar contida dentro de
outra, de um modo oculto, e que não podia ser entendida senão com a ajuda de
certas instruções especiais. Letras e sinais silábicos possuíam ao mesmo tempo
poderes ou significados dos números, das figuras geométricas, das pinturas ou
da ideografia e símbolos, cujo objecto desenhado era expressamente auxiliado
por parábolas em forma de narrações ou trechos de narrações; e ao mesmo tempo
podiam ser expostas separada e independentemente e de vários modos, através de
pinturas, em trabalhos em pedra ou em construções em terra...».
Na secção III do mesmo volume, na pág. 46: «Lidos com a ajuda da Cabala encontramos um templo sem rival de verdades
ocultas, um poço de belezas profundamente escondidas, sob formas cuja estrutura
visível, apesar da sua aparente simetria não pode resistir à crítica da fria
razão, nem revelar a sua idade, pois pertence a todas as idades (e compreende
todas as Línguas). Há mais sabedoria nos Puranas e na Bíblia (aqui, em sentido extensivo
refere-se a todo o texto sagrado), oculta sob as suas fábulas exotéricas, que
em toda a ciência e factos exotéricos da literatura do mundo...».
Bastam, por agora, estas citações. Com base nas investigações que se
fizeram nos últimos anos e nos nossos próprios estudos no Instituto de
Investigações Antropológicas da Associação Internacional «Nova Acrópole», de carácter
cultural e filosófico, podemos esboçar certos princípios gerais que regem o sistema Lexarítmico criptográfico dos
antigos gregos. Vejamo-lo a seguir com alguns exemplos ilustrativos.
Primeiro Princípio
Os nomes dos Santuários e Centros de Culto ou cidades mais importantes
da época contêm no seu lexaritmo as distâncias, na medida grega do estádio
própria de então, em relação a certos pontos de referência ou entre eles. Assim,
por exemplo, o Santuário de Delos dista 1020 estádios do Templo de Esculápio na
ilha de Kos (onde nasceu, segundo se diz, Homero); mas a palavra Kos tem um
valor lexarítmico exactamente de 1020, indicando uma relação oculta com o
templo de Apolo, em Delos.
A cidade de Smyrna, a jóia da velha Jónia, dista do Oráculo de Delfos,
santuário do Deus Apolo (o «sem muitos», o não múltiplo, o Uno, segundo
Plutarco) 2198 estádios gregos, o qual contém 7 x 10 vezes o número sagrado p.
Se somarmos os valores
numéricos das palavras Smyrna + Oráculo (Manteion) + En (Apolo Uno) + Delfos, teremos
o lexaritmo 2198, ou seja, a distância que os separa. A cidade de Smyrna também
dista da cidade de Teseu 1620 estádios, que é mil vezes o número de Ouro f. E realmente sumindo o lexaritmo da frase «A
Cidade de Teseu» (e Polis Theseös) teremos o número 1620. que maravilhosa
harmonia e beleza se oculta nestas relações gramático-aritméticas!
No monte Ideu da ilha de
Creta, um dos mais antigos centros do culto a Zeus, é equidistante das cidades
de Kasos e de Kythera em 1051 estádios, número que também se expressa no
lexaritmo da soma dos três nomes Ideu +
Kasos + Kythera. E ainda há mais; desde
Knossos, capital da antiga creta minóica, até Atenas, e desta última até à
capital do velho reino macedónio, Pella, existem iguais distâncias, ou seja,
1765 estádios. E a soma lexarítmica dos nomes das três cidades dá-nos
exactamente esse número: Knossos +
Atenas + Pella = 1765.
Da capital do Chipre,
Leukosia, até Knossos e até Bizâncio há 3896 estádios, número de novo que se
obtém somando os lexaritmos das palavras correspondentes. Isto implica dois
dados a especificar: primeiro, que o antigo Chipre estava compreendido nos
cálculos sagrados do sistema Grego Cabalístico; e, segundo, que este conhecimento
se tinha mantido ainda na época da construção de Bizâncio. Este Princípio
relaciona-se com a Geografia Sagrada.
Segundo
Princípio
Os nomes indicam
durações e períodos astronómicos, ciclos e outros elementos de carácter celeste
ou temporal, em vez de espacial como no princípio anterior. Por exemplo, o
ciclo da duração do ano lunar, com o qual, em certa chave simbólica, estava
relacionado este Deus, tanto na Grécia como no Egipto, onde foi chamado Thot.
H. P. B., no II volume
da referida obra, secção IX, pág. 96, refere:
«...Osíris era de um modo notório o Sol e o rio Nilo, o ano
tropical de 365 dias, cujo número é o valor da palavra Neilos e de touro, assim
como também era o princípio do Fogo e da força produtora da Vida; enquanto Isis
era a Lua, o leito do rio Nilo ou a Mãe Terra...»
Aqui vemos como os
gregos se cuidaram muito de manter nas relações lexarítmicas os simbolismos do misticismo
egípcio no momento de fazer as transcrições linguísticas do egípcio para o
grego. Mas que entende o texto com o conceito «valor da palavra Neilos»?
Examinado o lexaritmo da palavra encontraremos exactamente a resposta, porque
(N=50) + (E=5) + (I=10) + (L=30) + (O=70) + (S=200) dá-nos 365, ou seja, a
duração do ano solar. Mas por que razão o Nilo? Aqui, responde-nos a Simbologia
Teológica, segundo a qual no antigo Egipto este rio, como já se refere H. P.
B., era um regulador e dador de vida, o fertilizador, que com as suas constantes
e regulares inundações relacionava-se com a rota do Sol no Céu e,
consequentemente, com o deus Osíris.
Por outro lado, também é
muito interessante que o lexaritmo do Nilo tem uma relação
diâmetro-circunferência com o lexaritmo da palavra Oceano, de maneira que
(Nilo) x (p) = Okeanos = 1146, relação que podemos representar geometricamente
como se segue:
Assim, simbolicamente
compreende-se que o Oceano constitui a periferia ou circunferência do nosso
Sistema Solar, ou seja o Anel «limite», o «círculo inultrapassável» das
tradições esotéricas orientais, o Deus que circunscreve todas as coisas dentro
do Ovo Cósmico que flutua dentro do seu.
Mas continuemos ainda na
possibilidade de profundidade lexarítmica que, neste ponto, nos dá o fragmento
de A Doutrina Secreta. O lexaritmo da palavra Fogo (Pyr) é 580 e como vimos no
trecho anterior este conceito identifica-se simbolicamente com o Deus Osíris.
Somando-o com o lexaritmo de Isis (420) obteremos o número 1000, que equivale
ao lexaritmo do Sol (318) multiplicado por p, ou seja, uma relação
diâmetro-circunferência como a anterior, que podemos representar
geometricamente como indica a presente figura:
Por outro lado e
continuando com este ponto um pouco mais, vemos com surpresa que Osíris (590) +
Fogo (Pyr, 580) = Hórus (Ouros, 1170).
Da comparação entre os
dois esquemas e relações anteriores podemos tirar a conclusão de que tanto o
Sol como o rio Nilo funcionam na linguagem simbólica, na chave geométrica, como
diâmetros nos seus correspondentes «Círculos» e, por isso, podemos também falar
de uma identificação simbólica entre eles, de maneira que o rio Nilo represente
o Sol. Existem ainda mais profundas relações e interpretações teológicas que
deixaremos de lado por superar as possibilidades deste primeiro contacto com os
lexaritmos neste trabalho de divulgação.
Na secção II do mesmo
volume, na pág. 33, H. P. B. diz a este respeito:
«318 é o valor gnóstico de Cristo e o número célebre dos circuncidados
servidores de Abraão. Quando se considera que 318 é um valor abstracto e
universal, que expressa o valor do diâmetro tomando a circunferência como
unidade torna-se manifesto o seu uso na composição do calendário civil (ou
seja, os 365 dias ‘do Nilo’).
Idênticos signos, números esotéricos e simbólicos
encontram-se no Egipto, no Peru, no México, na Ilha de Páscoa, na Índia, na
Caldeia e na Ásia Central».(8)
Agora, podemos
compreender melhor por que é que se identificava o Chrëstos com o Sol, cujo
lexaritmo é 318, como vimos, e justificar a referência ao calendário civil,
tanto na sua versão solar de 365 dias, como na outra versão que a autora nos
dá, citando as palavras do barão Humbolt, poucas linhas mais acima do citado
texto:
«Esta pirâmide (de Papantla) tem 7 andares... Três escadas conduzem ao
ponto mais alto, cujos degraus estão decorados com esculturas hieroglíficas e
pequenos nichos apresentados com grande simetria. O número destes nichos parece
fazer alusão aos 318 signos simples e compostos dos dias do seu calendário
civil».
E eis que encontramos o
lexaritmo grego da palavra Sol (Hélios) na astronomia dos aztecas do antigo
México!
Ainda outro exemplo do
conhecimento astrológico nos lexaritmos: a palavra Terra (Gë, de valor 11)
multiplicada pela palavra Zénite, de valor 81, dá-nos 891, que é também o
lexaritmo da palavra Céu (Ouranos). Em representação simbólica geométrica pode
comparar esta relação com a que expressa a área de um rectângulo, cujo lado
vertical assume o valor de Zénite e o horizontal o valor Terra.
E o Céu são também «as
Estrelas» (oi Asteres), uma vez que ambas as palavras têm exactamente o mesmo valor
lexaritmo, ou seja, 891. Simbolicamente, assim, poderíamos pensar que o Zénite
«limita», «determina» o Céu e as Estrelas sobre a Terra. Uma frase poética
plena, no entanto, de sentido mítico e místico, sob a luz da chave lexarítmica
de interpretação.
A duração do ciclo
temporal da estrela Sírio, que era chamado Ano Sothiako no Egipto e que os
gregos traduziram como Ano Söthërico (do nome da estrela Sírio helenizado,
Söthër, que também significa «Salvador»), é de 1460 anos e era considerado um
ritmo cíclico de tempo muito esotérico e misterioso, que os sacerdotes da Antiguidade,
não somente nos países citados, mas também noutras civilizações, tinham em
muito alta consideração e ao qual conferiam uma grande importância astronómica
e religiosa. Poderia ser talvez casualidade? Não cremos, mas a distância que
separa os dois principais Centro de culto antigo do Deus Apolo, o Deus
«Salvador», relacionado por isso simbolicamente com a estrela Sírius, é
exactamente de 1460 estádios. Também a soma dos lexaritmos das palavras
Salvador (Söthër, de valor 1408) e Esplendor (Aiglë, 52) dá-nos 1460. também
obtemos o mesmo número da soma dos valores das palavras Apolo + Sol (Hélios) +
Zénite.
A duração do ano lunar,
que, como vimos, expressava o lexaritmo de Hermes, dá-nos também a soma das palavras
Lua (Selënë, 301) + Esplendor = 353. E Dëlos (312) + Sol (318) + Terra (Gê, 11)
= Sol + Lua, que é 630, como também se iguala a relação Delfos (Delfoi, 619) +
Terra. Destas e de tantas outras possíveis equações lexarítmicas, conhecendo
bem a Simbologia Teológica grega, o estudioso pode extrair e descobrir uma maravilhosa
e rica bagagem de interpretações importantes. Nós somos obrigados a deixá-las
de lado, por agora, para não correr o risco de que o nosso trabalho se
transforme demasiadamente volumoso e técnico, cansando o nosso amável e
paciente leitor.
Existem também
explicações de tipo planetário e zodiacal que se ocultam em lexaritmos. Por
exemplo, o lexaritmo da palavra Poséidon é igual à do Zodíaco de Peixes
(ichthys). E a constelação de Carneiro indica a relação com o seu planeta Marte
e com a Deusa Atenea, representantes da guerra desenfreada e da prudente, respectivamente.
Assim, Carneiro (Krios, 400) = Marte (Arës, 309) + Deusa Atenea (Thea Athënë,
91).
Um exemplo com relações
simbólicas ainda mais complexas, de tipo zodiacal, é o que expressa um
ensinamento dos Cultos mitraicos, que tanta influência tiveram no mundo romano
e, mais tarde, entre os gnósticos cristãos: Touro (Taurus, 1071) + Mundos
(Kosmos, 600) = Sol (Hélios, 318) + Mitra (Mithras, 360) + Afrodite (993) = 1671.
Recordemos que a principal representação dos Mistérios mitraicos apresenta o
Deus Mitra, símbolo do Sol, que com a ajuda da luz do planeta Vénus (Afrodite
em grego), mata o Touro (o zodíaco que está sob a influência do planeta Vénus),
símbolo do mundo terrenal (o Kosmos).
Terceiro
Princípio
Os nomes lexarítmicos
indicam, seja no seu próprio lexaritmo seja através de relações aritméticas com
outros nomes simbolicamente afins, os números transcendentais p, f e e (dos
logaritmos neperianos) que eram considerados mágicos e sagrados na Antiguidade.
A opinião de que estes
números tinham sido «inventados» na antiga Grécia foi já desmontada, uma vez
que em culturas mais antigas, como as do Egipto, Índia ou China e mesmo na
chamada civilização dos megalitos, se verificou a sua utilização. O número 2,72
parece que era calculado pelos gregos e por outros povos com grande aproximação,
sendo igual à metade da base de um triângulo equilátero inscrito num círculo
com raio p, ou seja, p x (raiz quadrada de 3/2). Este número, responsável
simbolicamente das espirais da evolução da vida e dos ritmos espiralados, está
contido cem vezes no lexaritmo da palavra Harmonia, que vale 272. Também, multiplicado
pela duração do ano solar, 365, dá-nos o lexaritmo da Deusa do Amor: Afrodite =
993 = (365) x (2,72).
Com o número p que
determina a relação entre a circunferência e o diâmetro de um círculo, existem
bastantes relações. Vejamos alguns exemplos entre os mais simples e, ao mesmo
tempo, mais interessantes:
O Céu (ou Ouranos, 961):
Via Láctea (Galáxias, 306) = p; ou seja, a «corda» celeste que é a nossa Via
Láctea funciona como o diâmetro do nosso «Céu», determinando a sua
circunferência ou periferia. Okeanos (1146): Neilos (365) p, relação que já
referimos anteriormente.
Céu (Ouranos): (Theos,
284) p, ou seja, que «Deus» seria o diâmetro de um círculo com o qual os
antigos representavam o «Universo».
2 X O Céu (ou Ouranos):
Zeus (Zeys, 612) p.
2 X A Aurora (Eös): Mar
(Thalatta, 641) p.
De tais relações
lexarítmicas surgem diversas combinações, as quais se se estudarem e
interpretarem à luz da antiga Simbologia teológica podem dar importantes
informações e mesmo relâmpagos de «intuição» de ensinamentos ocultos
esotéricos.
H. P. B. fala-nos em
diversas partes da sua obra acera da grande importância que tem na tradição
cabalística do Oriente e do Hebraísmo o valor lexarítmico de determinados nomes
divinos que expressam em número p com diferentes combinações. Este ancestral
conhecimento esotérico, como vemos, existia também na tradição e linguagem
gregas, oculta em lexaritmos, sempre dispostos a iluminar a bruma da Mitologia,
ajudando todos aqueles que tentam obter mais luz.
Também está presente o
número de Ouro ou f, a secção áurea com o número 0,618... Um processo que podemos
apreciar nas seguintes relações «harmónicas» entre os nomes dos Deuses gregos:
Apolo (1061): Ártemis
(656) f
Hestia (561): Sol
(Hélios, 318) f
Afrodite (993): Zeus
(612) f
Hermes (353) : Hera
(109) f/2
Também o número 612 (cem
vezes a secção áurea, tomando como unidade a secção menor) é o valor lexarítmico
da famosa frase sagrada do templo do Oráculo de Apolo em Delfos: «Mëden Agan»,
ou seja, Nada em Excesso, com o seu belo e profundo sentido áureo.
Este tipo de relações
aritméticas, com base nos números sagrados, encontra-se também em grande
quantidade nos valores das distâncias entre os Templos, centros culturais e
cidades importantes do antigo Espaço helénico (e não só na Grécia), que
conformam, como demonstrou o dr. Th. Manias e outros, esquemas geométricos plenos
de conteúdo simbólico, como polígonos regulares de centenas de quilómetros de
lado, círculos, estrelas e ainda imagens inteligíveis de certas constelações,
como se tratasse de um mapa celeste, uma maqueta dos astros sobre a terra. Isto
acontece, por exemplo, na região de Elêusis, onde as posições de certos Templos
e lugares sagrados formam o esquema da Constelação de virgem, ou na região de
Marathon, onde se representa a de Escorpião. E ainda um longo etecétera.
Quarto
Princípio
Os nomes, na sua
interpretação lexarítmica, indicam relações de identidade e correspondência ou
analogia entre conceitos teológicos, míticos, semióticos e simbólicos, de
carácter fundamentalmente esotérico e filosófico, que permaneciam ocultos ou
simplesmente indeterminados. Abrem a possibilidade para o estabelecimento de «familiaridades»
simbólicas com um rico conteúdo hermenêutico. Este quarto princípio dos lexaritmos
gregos (que nos arriscaríamos sem medo a generalizar, como dissemos, a outras
línguas de carácter «iniciáticomistérico», ainda que a investigação esteja no
seu início) é aquele que nos dá um campo ilimitado, em profundidade e em
extensão, na investigação de qualquer tipo de compreensão interpretativa.
No volume II de A
Doutrina Secreta, H. P. B. refere-se ao Caos, ao Espírito e à Criação de todas
as coisas e diz:
«Sanchoniathon, na sua Cosmogonia, declara que quando o Vento (Espírito)
se apaixonou dos seus próprios princípios (Caos), teve lugar uma união íntima,
cuja conexão foi denominada Photos e desta surgiu a semente de tudo...»
O estudo dos lexaritmos
traz-nos importantes informações que permitem ao estudioso da antiga sabedoria interpretar
os símbolos e aprender uma vez mais. Assim, verdadeiramente, Eros (1105) +
Espírito (Pneyma, 576) = Chaos + Desejo (Photos, 449) + Todo (Pan) = o vinho do
todo (Oinos Pantöm, 1681). Temos também de acrescentar que a palavra todo, em
grego (Pan) tem o mesmo valor lexarítmico que a palavra Unidade (Monas), ou
seja, 131.
O Todo é Uno e o Uno é
Todo, o velho aforismo esotérico, demonstrado nos lexaritmos. Que bela harmonia
e ordem dentro do aparente Caos! Também o lexaritmo da palavra Espírito é o
mesmo da palavra Águia: Pneyma = Aëtos = 576. eis uma razão mais do uso da
Águia como símbolo do Espírito em tantas civilizações. E também compreendemos,
devido à equação anterior, muito melhor a razão pela qual o grande poeta Homero
na Ilíada fala do «Mar de Vinho» que contém todas as coisas. Não era uma
simples e bonita metáfora poética... indicava algo mais... e há muito mais que
nos escapa.
Continuando com as
relações, vemos que o Todo (Pan) + as sete vogais (somados os valores
lexarítmicos de cada uma das 7 vogais do alfabeto grego dá-nos o valor 1294) +
Uno (Eneas, 256) = 1681, ou seja, o valor lexarítmico da equação que vimos
anteriormente. Isso implica que o conjunto Uno das 7 vogais constitui o «Mar de
Vinho de todas as coisas». No volume I de A Doutrina Secreta, Blavatsky diz-nos
algo que tem uma relação com tudo isto:
«... a Serpente gnóstica, com as 7 vogais em cima da cabeça,
era o emblema das 7 Hierarquias dos Sete Criadores Planetários. Daí dimana
igualmente a ideia da Serpente hindu «Shesha» ou «Ananda», o Infinito, um dos
nomes de Vishnu, do qual esta Serpente é o Vahana ou veículo sobre as Águas
Primordiais».(11)
As 7 vogais do alfabeto
grego tinham um papel muito importante na «Cabala» grega, assim como no
cerimonial mágico dos Mistérios Mitraicos e dos gnósticos cristãos dos
primeiros séculos, como veremos já a seguir. A este respeito, H. P. B., no
segundo volume de A Doutrina Secreta, diz que o esquema do filósofo gnóstico
Valentim, chamado «Cabala Grega», baseado na combinação das letras gregas com
os números, pode servir de modelo. E na secção 13 do mesmo volume, pág. 147,
escreve: «Valentim estende-se sobre o
poder dos Sete grandes, que foram chamados a produzir este Universo depois de
Ar(r)hetos, ou o Inefável, cujo nome é composto de 7 letras, representou a
primeira Hebdómada. Este nome (Ar(r)hetos) indica a natureza septenária do Uno,
o Logos. A Deusa Rhea – diz Proclo – «é uma Mónada, Díada e Héptada»,
compreendendo em si mesma todos os Titânidas que são sete»(12).
Aplicando a chave
lexarítmica a questão esclarece-se bastante uma vez que Arrëtos (tem 7 letras e
valor 706) + Terra (Gê) = Héptada (Haptas, 586) + Unidade (Monas, 131). Também Arrëtos
= Águas (Ydata). E o lexaritmo da frase de Proclo «a Deusa Rhea (ë Thea Rea) é
129, ou seja, I + (2 elevado a 7), onde estão a Mónada, a Díada e a Héptada
juntas, o que é o mesmo, a Mónada mais sete vezes a díada.
Seguindo com os exemplos
deste 4º princípio, no IV volume, diz, referindo-se a Enoch e aos Avatares em
geral:
«Na Grécia foi chamado Orfeu, mudando assim o nome em cada
nação. Estando o número 7 relacionado com cada um destes Iniciados primitivos,
assim como o número 365 dos dias do ano, astronomicamente, isto identifica a
missão, o carácter e o cargo sagrado destes homens, ainda que certamente não
das suas personalidades».
Com efeito, o lexaritmo
do nome do Deus Abraxas é 365 e o de Mithra é 360 (os graus do círculo). No
caso de Orfeu, por exemplo, não aparece claro de imediato, pois o seu lexaritmo
é 1275 (Orfeus), mas a sua esposa mítica Eurídice tem valor numérico 563, que é
o anagrama ou inversão de 365. Em relação a este facto do anagrama de letras ou
de números falaremos no seguinte ponto, pois relaciona-se com o 5º princípio
dos lexaritmos.
A própria H. P. B.
refere o seguinte na secção 8 do mesmo volume:
«Os números do nome de «Moisés» são os do «eu sou o que
sou»; de modo que os nomes de Moisés e de Jehováh estão em harmonia numérica. A
palavra Moisés... e a soma dos valores das suas letras é 345; Jehováh (o Génio
por excelência do ano lunar) toma o valor 543, ou seja, o reverso de 345».
E o ano lunar tem 354
dias, expressando um novo reverso ou anagrama do lexaritmo hebraico de Jehováh-
Moisés. H. P. B. explica depois que por esta razão esotérica, no terceiro
capítulo do xodo, Moisés vê somente as «costas» de Jehováh e no seu «rosto» de
frente. No mito da descida de Orfeu ao Hades para recuperar a sua amada
Eurídice e trazê-la do mundo dos mortos para a vida, fracassa por fim porque
«volta as costas» para a ver atrás dele e verificar que o seguia, indo contra a
ordem de Perséfone e de Plutão. Eis novamente um caso parecido ao de
Moisés-Jehováh que Blavatsky refere e onde a chave lexarítmica em grego nos
lança mais luz na compreensão da Mitologia e dos seus véus.
Correspondências como as
seguintes são igualmente esclarecedoras para a compreensão hermenêutica e interpretação
da Mitologia grega antiga:
O homem (Anthropos) é de
igual lexaritmo ao de natureza (Fisis), ou seja, o valor 1310, que é décuplo do
valor das palavras Unidade (Monas ou Mónada) e Todo (Pan), indicando o
paralelismo entre a evolução ontogenética (do homem) e a filogenética (da
Natureza), do qual nos fala a Filosofia Esotérica desde há milénios e a
Biologia actual.
Sol (Hélios) + Lua
(Selënë) = Delfos (619), relacionando com o famoso Oráculo os dois Gémeos
Divinos de Latona.
Zeus + Hera = Musas
(Mousai, 721).
Mëtis + Zeus + Aithër =
Latona (Lëtö, 1138) + Espaço curvo (Koilon, 250). Deixamos as possíveis interpretações
para os amantes da Mitologia e Simbologia teológica.
As possibilidades de
investigação são tão vastas que deveremos limitar-nos, por agora neste trabalho
ao que já foi exposto, abrindo horizontes para futuros estudos.
Para terminar com os
exemplos relativos a este 4º princípio de uso e aplicação dos lexaritmos,
iremos referir-nos às secções 4 e 6 do volume II de A Doutrina Secreta,
relacionadas respectivamente com os temas de «Caos, Theos e Kosmos» e ao «Ovo
do Mundo».
Tudo quanto se disse na
primeira secção poderíamos expressá-lo com grande síntese simbólica na seguinte
equação lexarítmica que indica magistralmente quanta sabedoria se oculta nas
palavras da linguagem grega. H. P. B. identifica nessa secção as palavras e os
conceitos de Theos com Centro, Chaos com Espaço e Kosmos com Circunferência ou
periferia. Na chave lexarítmica obtemos reflectida uma verdadeiramente
maravilhosa equação:
(Theos + Centro) +
(Chaos + Espaço) + (Kosmos + Circunferência) = Logos = 3730, ou seja, a Deidade
Triádica Oculta (os 3 parêntesis) que se expressam de modo semelhante através
do Círculo e do Triângulo, como veremos a seguir. O leitor deve reter bem esta
equação porque voltaremos a ela no seguinte ponto, com o 5º princípio dos
lexaritmos, no que se refere à sua reversibilidade ou anagrama, para aprofundar
um pouco mais nela.
Na secção 6, «O Ovo do
Mundo», Blavatsky mostra-nos também importantes revelações relações de
conceitos que se encontram em comum em todas as cosmogonias das antigas
Civilizações. A aplicação da chave lexarítmica nestas, esclarece e revela, uma
vez mais, os sentidos ocultos e obscuros simbolismos.
Assim, a medula-eixo
desta secção expressa-se nas seguintes correlações ou correspondências: Ovo
(Öon, 920) + Mundo (Kosmos, 600) = Serpente (Ofis, 780) + Círculo (Kyklon, 740)
= 1520 E Ovo + Serpente = Circulação (Kyklësis, 888) + Esfera (Sfaira, 812) =
1700.
Uma clara conclusão
interpretativa é que a Serpente em Círculo (a Ouroboros, serpente que morde o
rabo) incuba o Ovo do Mundo ou do Kosmos, assim como a Serpente em volta do Ovo
do Mundo (o símbolo egípcio e gnóstico de Kneph e de Chnouphis) faz circular e
girar a Esfera do Mundo em forma espiralada.
Avançando um pouco ainda
nos simbolismos da Cosmogonia com base nos lexaritmos, desta vez aplicado em O Timeu
de Platão, encontramos: O Uno (Taüton, 1121) = O Outro (Theteron, 535) +
Héptada (Eptas, 586), ou seja, que segundo Platão, como indicam os lexaritmos,
o Círculo do Uno (Taüton) é denominada «Cadeia do Mundo» na terminologia
esotérica cosmológica que refere H. P. B. e consta de 7 círculos do Outro
(Theteron), ou seja, os 7 globos ou Planetas que mencionava H. P. B. e que
também deviam expressar-se nas Escolas Platónicas e Pitagóricas, já que a maior
parte dos conhecimentos de O Timeu, Platão herdou-os da velha sabedoria de
Pitágoras. Novas luz, pois, assumem os fragmentos «obscuros» de Platão.
Mas, além disso, a Héptada
+ Círculo (Kyklos, 740) = Matéria (Ylë, 438) + Circulação (Kyklësis, 888) e
também que a Héptada + Roda (Trochos) = Tetraktys (Tettraktys, 1926). Assim, a Tetraktys pitagórica pode identificar-se
simbolicamente com as 7 Rodas Cósmicas ou Círculos que se formam pela
circulação e turbulência da Matéria. Em relação a esta interpretação que
baseamos em lexaritmos, também H. P. B. faz uma insinuação no volume IV de A
Doutrina Secreta, quando diz:
«Pitágoras pergunta: ‘Como contais vós?’. A resposta é: ‘Um,
Dois, Três, Quatro’. Então, Pitágoras diz: ‘Vedes? No que vós concebeis Quatro
há dez, um Triângulo perfeito e o nosso Juramento (a tetrakktys, o Quatro-Sete conjuntamente)’.
Segundo a referência de Luciano em ‘Auction’».
Poderíamos continuar com
estas interpretações simbólicas e correlações filosóficas, uma vez que a
extensão e profundidade que põe a descoberto a aplicação da chave lexarítmica
dos textos antigos metafísicos e sagrados é enorme. E serão necessários talvez
muitos anos neste tipo de investigações até poder chegar à reivindicação e reestruturação
total da Sabedoria dos antepassados. Neste sector, a ajuda de sistemas de
computação electrónicos é inestimável.
Quinto
Princípio
Os nomes, nos seus lexaritmos,
podem ler-se e combinar-se, relacionando-se de maneira inversa ou «anagramática»,
ou seja, contendo os mesmos números mas em posições diferentes ainda que
expressando igualmente relações de familiaridade conceptual e simbólica,
identificações e correspondências sob diversas aritméticas. Este princípio dos
nomes lexarítmicos, o último que referiremos aqui, constitui uma variação e extensão
do anterior, tendo-se acrescentado o elemento de grande importância simbólica,
como veremos, do anagramatismo das cifras, que poderíamos chamar o «efeito
espelho».
Já no ponto anterior
tínhamos referido um exemplo deste efeito no caso de Orfeu e Eurídice, com a
justificação da referência de H. P. B. à reversão lexarítmica dos nomes de
Moisés e de Jehová. Contudo, ainda se pode dizer muito mais e pôr a descoberto
no futuro um grande número de verdades veladas. Neste caso, a utilização de computadores
será de preciosa ajuda para recompor a velha sabedoria lexarítmica e
cabalística... com a única diferença de que os antigos não necessitariam deles
para fundamentar e edificar uma tão plena de beleza e harmonia estrutural
linguístico-matemática.
Por exemplo, o
anagramatismo do lexaritmo da palavra Luz, Faos (0771) é 1770, ou seja, pelo
«efeito espelho» do Espaço obscuro primordial, uma vez que 1770 é o valor
lexarítmico da palavra Espaço (Chöros). A Luz também é o Princípio, porque Faos
= Princípio (Archë) = 771.
A palavra Roda (Trochos)
tem valor 1340, que num anagrama nos dá 1034, que é o lexaritmo da palavra Dodecaedro
(dödekaedron). Este poliedro regular é, segundo a filosofia pitagórica e
platónica, o esquema esotérico básico em que se fundamentem os alicerces da
Roda dos Mundos.
O anagrama do lexaritmo
da palavra AEter (Aithër, 128) dá-nos a palavra Esfera (Sfaira, 812). Da
palavra Circunferência (Perifereia, 816) obtemos uma variante 681, que é o
valor da palavra Essência (Ousia), efeito de reversão que nos sugere que o
conceito de Centro é identificável com a Essência. Também o Dragão (Drak) com um
valor 975, expressa ao Deus dos órficos, uma vez que no anagrama temos 795, que
é o lexaritmo de Uno (En, 55) + Círculo (Kyklos, 740). Na cosmologia órfica,
que em parte passou mais tarde também para a dos gnósticos do cristianismo
esotérico e para os ofitas, o Deus Fanes simboliza-se como um Dragão ou
Serpente que forma um círculo, o Círculo de Luz. Por isso, também Uno (En) +
Esfera + Serpente (Ofis) = Circulação (Kyklësis) + Fanës. Profundos
ensinamentos encerram as palavras!
No volume I de A
Doutrina Secreta, H. P. B. fala-nos do anagrama dos números e letras quando
diz:
«Podemos observar que o senhor Ralston Skinner, o autor de
Source of Measures, descobre a palavra hebraica Alhim nos mesmos números (ou
seja, 31, 415, de p deduzindo, como já dissemos, os zeros, e utilizando a transposição,
ou seja, escrevendo 13.514... ou seja, com anagrama, como o explica».(16)
Este sistema de
anagramas, com diferentes combinações constitui um ramo especial da Cabala (e
não só da hebraica) que se chama «Temura» em hebraico. As suas aplicações na
«Cabala Grega» abrem perspectivas extraordinárias que conduzem a
importantíssimas correlações simbólicas com a Aritmosofia, outro ramo importante
das Ciências Ocultas tradicionais.
A causa do anagrama dos
lexaritmos consiste na necessidade de ocultar determinados conceitos secretos,
que se revelariam somente no reduzido círculo de Iniciados na Gnose ou
Conhecimento. Seria, assim, diríamos, um sistema de auto-protecção e segurança
interna dos conceitos sagrados perante cada possível profanação ou uso por
parte de indivíduos inexperientes ou não preparados, podendo levar a abusos e
mau uso por ignorância ou egoísmo.
Na sua obra Isis Sem
Véu, Blavatsky diz:
«O nome de (Iaö) assinala o ponto onde se presume que reside
o Desconhecido, e em volta deste nome lê-se a inscrição ‘o Eterno Sol Abrasax’
».
Blavatsky refere-se a
segredos dos gnósticos e dos ofitas. Aplicando a chave lexarítmica, observamos
que: Semes (Eterno, 450) + Eilam (Sol, 86) = 536, que é um anagrama do lexaritmo Abrasax, 365,
ou duração do ano solar. E ainda mais: Semes + Eilam + Abrasax = 901. Mas o lexaritmo do nome de Iaö é 811; no
entanto, se lhe acrescentarmos o número 091 (um anagrama do anterior) teremos o
anagrama da equação anterior, ou seja, 901. E 9 + 0 + 1 = 10 = 1 + 0 = 1 em
soma pitagórica, ou seja, temos o símbolo do Círculo, do Centro, do Diâmetro e
da Circunferência, conceitos que analisaremos lexaritmicamente um pouco mais
adiante.
Na teologia do filósofo
gnóstico Valentim, o Abismo (Bythos) e o Silêncio (Sigë) representam, diz
H.P.B., no seu volume IV, a Díada Primordial.
Os pitagóricos sentiam
certa repugnância pela Díada ... e pelos ovos, como símbolo dela.
Lexaritmicamente, isto fica expresso maravilhosamete na equação Abismo (Bythos,
681) + Silêncio (Sigë, 221) = 902, número que é um anagrama da palavra Ovo
(Öon, 920). Já anteriormente vimos a relação entre Ovo do Mundo e a Serpente. E
o lexaritmo da palavra Apofis, 861, é um anagrama do lexaritmo da palavra
Bythos (abismo). Na página 154 da mesma secção, nota 33, Blavatsky diz-nos que
a Serpente Apofis (Ofis Apophis) é o inimigo de Rá, a Luz, ou seja, é a Sombra
da Essência, cujo lexaritmo é 681; a Essência (Ousia, 618) é o inimigo de
Apophis (Apofis, 861), ou seja, o seu reverso, o seu anagrama.
Também, Tétrada (Tettras,
1206) = Díada (Düas, 604) + abismo (Bythos) + Silêncio (Sigë), o que nos
explica a razão dos gnósticos, herdeiros da antiga Tradição grega, que
afirmavam, como diz H. P. B., que a sua Ciência, a Gnose, estava baseada no
Quadro, do qual os ângulos representam respectivamente o Silêncio (Sigë), o
Abismo (Bythos) ou Oceano, a Mente (Nous) e a Verdade (Alëtheia). E o lexaritmo
desta última é 64 (ou 064) que é um anagrama do lexaritmo da palavra Díada, que
tínhamos visto na equação anterior.
Recordemos, agora,
aquela equação que nos relacionava o Centro, O Espaço e a Circunferência com os
conceitos de Theos, Caos e Cosmos respectivamente, as facetas da Divindade,
cuja soma nos dava a Deidade Oculta, o Logos, multiplicado por 10, pela Década
(Tetraktys) de que nos falava H. P. B. na secção 4 e 5 do volume II da Doutrina
Secreta.
Outras facetas da
Deidade Oculta ou Logos «Decádico» são também o Espírito (Pneuma), a Matéria
(Ylë) e o Sol (Hélios), como diz H. P. B. «Segundo Platão, a Deidade mais
elevada foi a que construiu o Universo na forma geométrica do Dodecaedro; e o
seu «Primogénito» nasceu do Caos e da Luz Primordial, o Sol Central».
Estas outras facetas da
Divindade relacionam-se, no entanto, de novo entre si lexaritmicamente e esclarecem-nos
ainda mais os conceitos filosóficos, uma vez que: [Centro + Espírito (Pneuma) ]
+ [Espaço + Matéria] + [Circunferência + Sol (Hélios)] = 3.307, que é um
lexaritmo em anagrama do número 2.730 que, como vimos mais acima, era o
lexaritmo do Logos pela Década (Logos x 10). O papel triádico preponderante do Logos
Oculto (que compreende a Década) aparece de novo claramente. Na chave
aritmosófica diríamos que este número compreende a Década, a Heptada e as duas
Tríades, ou seja o número mágico da Criação Demiúrgica em todas as cosmogonias
(10, 7 e os dois números 3 de 3.307).
Mas, além disso, Centro
+ Espaço + Circunferência = Triângulo Equilátero (Is.pleüron Trigönon) cujo
valor é de 3.730, ou seja, o novo valor lexarítmico da Deidade Oculta, o Logos
pela Década. Isto expressa-nos, em Geometria simbólica, a triangulação do
Círculo divino, de modo que a superfície do Círculo com o Centro em Theos e
circunferência no Kosmos, seja equivalente à de um triângulo equilátero, figura
sagrada dos pitagóricos. O mistério do Deus Trino dentro do Círculo do Uno Todo
(Monas tem igual valor lexarítmico que Pan (Todo) como já vimos).
Geometricamente podemos
representar estes conceitos simbólicos e as suas muito esclarecedoras
inter-relações com sentidos metafísicos da seguinte maneira, talvez a mais
ilustrativa:
Segundo Blavatsky, o
Triângulo celeste é o Uno ou Mónada Todo e é a Deidade que surge quando o
Círculo Infinito do Absoluto adquire Centro, Espaço e Circunferência e se
manifesta de maneira trina. Constitui uma síntese do Ponto central com esse
Triângulo que emana deste, conformando, assim, a Tétrada Oculta, a Cruz Cósmica
do Espaço. A este respeito, H. P. B., no volume II de D. S., pág. 60, refere o
seguinte:
«Markos, os chefe dos markosianos, que floresceu em
meados do segundo século e que ensinava que a Deidade tinha de ser considerada
sob o símbolo de quatro sílabas, deu mais das verdades esotéricas que nenhum
outro gnóstico. Mas nem mesmo assim foi bem compreendido. Pois só na superfície
ou letra morta da sua «Revelação» é onde aparece que Deus é um Quaternário, a
saber: ‘O inefável, o Silêncio, o Pai e a Verdade’; o que é completamente
errado e só divulga mais um enigma esotérico. Este ensinamento de Markos foi a
dos primeiros cabalistas e o nosso».
Esta trajectória da
investigação conduz-nos ainda a importantes revelações dos conceitos
metafísicos ocultos, que tão abundantemente refere H. P. B. nos seus diversos
escritos, resgatados dos velhos textos filosóficos, Cosmogonias e Mitologias.
Não devemos, no entanto, abusar da paciência do leitor que chegou até aqui.
Talvez no futuro se
possa publicar, para os interessados, os resultados de todas as nossas
investigações, que são o produto da intercolaboração de investigadores da
Associação Cultural «Nova Acrópole» neste campo, num volume mais especializado
e detalhado. A interpretação lexarítmica tem ainda muito para dar no labor de decifrar
da Teologia e Metafísica simbólicas, da cosmologia e da Mitologia dos antigos,
lançando nova luz em muitos conceitos até agora obscuros.
Assim, apesar de serem intermináveis
as possibilidades de investigação no campo dos lexaritmos aplicados aos antigos
textos, que H. P. B. sou tão audaz e admiravelmente desenterrar, comparar e
harmonizar, devemos, no entanto, dar por terminado este trabalho de exposição,
talvez denso, mas pensamos que produtivo e cheio de novas perspectivas.
Hoje, já próximo do fim
do segundo milénio, e às portas do terceiro, a grandeza da velha Sabedoria
começa-se a reabilitar cientificamente, seguindo as marcas da grande vanguardista
e pioneira que foi H. P. Blavatsky há cem anos. Depois das investigações de
Jean Richer, Theofilo Manias e de tantos outros, sabemos já que houve uma
Geografia Sagrada na antiga Grécia, com distâncias que expressam conteúdos
simbólicos e teológicos, calculados com exactidão matemática, com perfeitas orientações,
com diversos sentidos mágico-simbólicos... que houve uma Língua Secreta, hoje
chamada «lexarítmica», que relacionava cabalisticamente números e letras em
combinações matemáticas (soma, multiplicação, divisão, potência, etc.),
ocultando conceitos sagrados ou filosóficos... que tinham conseguido reflectir
na Terra, nos seus Templos e nos seus ensinamentos e mitos, os passos dos
Deuses Estelares no Céu.
É nosso desejo ter
colaborado no despertar de uma nova chama daquela velha sabedoria milenar que
aproxima o ser humano à Luz Divina do Conhecimento, da Harmonia e da Beleza,
ainda que se expresse em Números, Formas geométricas e Letras.
«Deus geometriza».
Platão
Giorgios A. Planas