segunda-feira, 6 de abril de 2015

O Conceito de Infinito


Introdução

Grandes cientistas, como é o caso de Plank e Einstein, consagraram os seus esforços de investigação na busca do absoluto, e grande parte da abertura da ciência moderna deve-se bastante a eles.
No entanto, e ainda que a base de inspiração das suas intuições se deva fundamentalmente à influência de H. P. Blavatsky, viram-se muito limitados nas suas conclusões, por falta de formação filosófica mais profunda, principalmente no que se refere a uma forma de pensamento específica que é o que permite intermediar o abstracto com o concreto, o não manifestado com o manifestado, enfim o incognoscível com o que pode ser conhecido.
Refiro-me a uma estrutura mental adequada para tratar esse magnífico tema e é aqui onde o conceito de Infinito tem um papel fundamental e preponderante, já que antes de pensar e reflectir sobre qualquer questão ou assunto é necessário gerar condições mentais para trabalhar com o factor implícito da mente ou também o terceiro excluído, pois se não for assim é impossível incluir o abstracto na estrutura mental concreta, mal chamada razão.
A verdadeira razão necessita de algo mais que relacione “desde fora” os opostos e este algo mais, escapa à estrutura lógica do pensamento humano, pois abraça o paradoxo, aspecto que não só liberta o pensamento mas também o fecunda outorgando-lhe uma direcção atemporal, ou seja, uma espécie de “sexto sentido” como diria H. P. Blavatsky. O sentido da permeabilidade.
Quando H. P. Blavatsky trata o tema do absoluto transmite-nos um paradoxo genial, pois gera uma imagem do Infinito extraordinariamente adequada, a qual designa como “a eternidade dinâmica”.
Este conceito é prévio a qualquer outro, portanto, o marco para a estrutura mental que nos propõe.
De acordo com isto o conceito ou os conceitos formam parte de categorias hierarquizadas que devem ser consideradas e respeitadas.
Antes da elaboração de qualquer conceito é necessário enquadrar a natureza do pensamento num modelo que não produza interferência, mas ao mesmo tempo o canalize, como o leito canaliza um rio. Não é possível pensar filosoficamente e cientificamente sem esta condição, e é aqui no meu modo de ver onde encontramos o valor mais destacado de uma clara concepção de Infinito, já que centraliza a mente outorgando parâmetros coerentes, adequando-a a um modelo verdadeiramente universal.
Encontramos exemplo desta coerência naquela frase egípcia que ensina “o que foi, é e sempre será”, que nos permite transcender a medida convencional do tempo tornando-o “duração”.
Aquele outro exemplo do catecismo esotérico, que pergunta: “O que é aquele que sempre é?” O espaço, o eterno, Anupadaka.
O que nos permite entender a substância inamovível, onde tudo se manifesta, evolui e volta ao não manifestado.
Antes de conhecer algo de forma verdadeira é necessário circunscrevê-lo e, o que é aquilo que pode circunscrever sem o afectar? Tão só o Infinito, já que este é como um véu permeável que permite intuir o que há mais além do tal limite. É como se estivéssemos num recinto rodeado por cortinas translúcidas com uma luz que sai e outra que entra na mesma intensidade. Todos os objectos que existem dentro e fora seriam retratados nas cortinas e poderíamos estudá-los com calma porque de algum modo misterioso estariam fixos desta forma, sendo o Infinito o limite da nossa mente, não a afoga antes a treina e desenvolve.
Atrevamo-nos então a observar constantemente em todas as coisas os seus limites concomitantes com o Infinito e quando tudo se dissolver num mistério recôndito, ou seja no próprio Infinito, repitamos no mais íntimo dos nossos corações:
Nada para nós, Senhor, nada para nós, tudo para a glória do teu nome”.

O Infinito nas suas relações inteligíveis
Existe a possibilidade de nos relacionarmos com o Infinito?
A pergunta por si só implica numa inteligência que concebe a possibilidade, por consequência este mistério pode ser tornado inteligível de forma coerente, caso contrário não poderíamos formular tal pergunta.
É justamente o homem que pode projectar a sua própria consciência inteligente em algo que o transcende e ao mesmo tempo o supera e excede e é aqui que se fundamenta o princípio dialéctico ou a linguagem com o Infinito.
Esta é uma linguagem viva e consciente que nos predispõe para entender os princípios morais, o princípio activo da vida e o eterno contínuo.

·       O Infinito como princípio moral
O conhecimento científico representa uma forma de ver o mundo, isso não significa que seja real, pois é apenas um sistema que adequa o pensamento humano a um modelo virtual que explica, desde o particular ponto de vista do homem, os fenómenos que contempla.
Alguns pretendem demonstrar a realidade do conhecimento científico porque este é capaz de manifestar-se tecnologicamente.
Mas isto não é exactamente assim, pois é o pensamento humano quem possui o poder de criar e manifestar feitos para o bem e para o mal. A tecnologia só demonstra uma forma de pensar, nada mais.
Se bem que a Filosofia também é um sistema que se baseia num modelo mental, ela é capaz de gerar um modelo mais universal, pelo feito de concebê-lo em termos de Infinito e isso dá ao pensamento filosófico uma conotação moral.
O Infinito e a sua lei periódica de manifestação e não manifestação ou de fluxo e refluxo é o modelo (pai - mãe) do Universo manifestado. E este seu filho, exemplo de harmonia, e é nela que o princípio moral nasce como imitação de um comportamento exemplar.
A moral como ciência do comportamento humano estabelece-se tal como quando todas as possíveis medidas, ritmos, e proporções se sintetizam na unidade do Infinito como princípio e fim de todas as coisas.
É aqui onde nasce a atemporalidade do conhecimento moral, através de uma religiosidade natural e universal.
Porque devemos viver moralmente?
Como viver moralmente?
Em primeiro, porque o Infinito se manifesta como um imperativo categórico, que não deixa nada solto, ou ao acaso e queiramos ou não regula todas as coisas por meio de leis inexoráveis que mais tarde ou mais cedo acabam prevalecendo acima de qualquer outra consideração.
Em segundo, eliminando toda e qualquer interferência que nos oculte o modelo universal da harmonia que chama a alma humana a um diálogo e a uma convivência íntima através do amor pelo belo, pelo justo e pelo bom.

·       O Infinito como princípio "activo"
De acordo com Platão o Universo constitui-se a partir de ideias, as quais ainda que fixas, de um ponto de vista, até outro, movem-se em virtude de uma outra ideia descrita por ele como Dinamis, se bem que não é um movimento como nós o entendemos, é uma condição para que este se produza, é como os pré-socráticos dizem: uma ideia de movimento, onde os átomos se encontram, sendo atraídos e expulsos continuamente.
Este “fundo” onde os átomos se movem é um princípio activo” para sempre e desde sempre, ou seja o Infinito.
Não é pois a energia potencial, nem cinética, mas a síntese de ambas, ou seja um princípio genuíno que se mantém sempre fiel a si mesmo, sem atributos nem qualidades e não sendo uma magnitude, contém-nas a todas.
Este princípio “activo” gera no universo um ápice e ao mesmo tempo um centro presente em tudo, cujo círculo contém todas as coisas sem ser contido por nada.
Com ápice gera uma marca, que é a origem e ao mesmo tempo o fim da mente, ou seja o princípio da inteligência universal e como círculo concêntrico o princípio da vida ou existência única.
Sendo assim, este princípio “activo” intervém em todas as operações do universo, mas ao mesmo tempo mantém-se fiel a si mesmo, sem nenhum tipo de condicionamento. O mero feito de concebê-lo já transmite ao pensamento humano uma propriedade dialéctica, que lhe dá a capacidade de mover-se numa direcção semelhante à do Universo e daqui provém a faculdade da mente humana de entender as ideias que servem de modelo para a manifestação de todas as coisas e visto deste ângulo, o Infinito é o princípio “activo” por excelência e abstracto, ou seja o movimento abstracto.

·       O Infinito como eterno contínuo
A concepção do movimento abstracto, paradoxalmente, leva-nos a uma “visão pragmática” do Cosmos, e é nela que se fundamenta o simbolismo filosófico, que parte duma evidência acima de qualquer premissa.
Isto significa como dizia Giordano Bruno, que o Universo é o mais claro vestígio de Deus. O que nos permite entender que antes do Universo nascer já era e quando este “morrer” continuará a ser.
Portanto o Infinito concebe-se como eterno e contínuo ou de continuidade eterna, ou eternidade dinâmica como H. P. Blavatsky o define.
Esta concepção anula o tempo como medida de todas as coisas e reafirma a condição do espaço como origem e fim de todos os processos, como continente que não está sujeito a ser contido por alguma outra ideia.
Sendo assim o Infinito é presença constante em todos os processos, circunstâncias, lugares, formas, etc, etc., ou seja, antes, durante e depois, sendo assim conceptualmente falando a medida de todas as coisas.

A razão científica como interpretação dos mistérios filosóficos
A que se referia Platão quando dizia que a ciência é o conhecimento dos objectos reais?
Qual seria a diferença entre este conhecimento científico e o filosófico?
Porquê na Academia se exigia o conhecimento das ciências para estudar Filosofia?
Estas perguntas mais do que os seus resultados específicos, apontam todas para um mesmo objectivo que é o de qualquer estudo que se pretenda fazer para conhecer a verdade, o mistério ou como queiramos chamar a tudo o que contemplamos sem saber realmente o que tudo isso é, necessita de noções, valores, parâmetros, especificações, etc., claros e definidos, que não tenham sido fixados arbitrariamente por ninguém, para além que respondam não só a uma tradição universal como também à demonstração dialéctica do objecto procurado, seja uma ideia ou um poder sobre qualquer elemento.
Confúcio dizia que antes de educar era necessário definir conceptualmente os objectos assinalados pela linguagem.
Pois bem. O que significa a palavra “conceito”?
De acordo com a etimologia latina encontramos o seguinte:
CONCEITO: acção de conter, enquadrar, concepção (de espírito), redacção, fórmula.
CONCEPTUM: feto, fruto.
CONCIPIÔ: receber, brotar, imaginar, dar lugar a uma ideia ou sentimento, absorver, expressar, pronunciar ou jurar de acordo com uma fórmula, inflamar-se, incendiar-se, planificar.
CONCEPTUS: acção de receber, germinação.
A tendência geral destas 4 acepções é a de considerar a palavra “conceito” como um elemento de transmissão e recepção de forças inteligentes que manifestam processos de vida com os seus ciclos de nascimento, desenvolvimento e conclusão.
Ao mesmo tempo podemos entender a palavra “conceito” como um processo de “ressonância” entre níveis de percepção diferentes e por consequência um acto mental de reconhecimento de identidades e diferenças.

·       O conceito de Infinito como paradoxo
No domínio da opinião comum, a definição de um objecto depende da sua localização no tempo, das suas circunstâncias e relações, das suas características e qualidades externas, mas para além disso e que acaba por ter maior influência, dos interesses que se tenham em relação ao que está definido, pelo que poderíamos dizer que esta é falsa quanto aos seus propósitos finais. Não possui conotação moral e carece de conhecimento.
Em contrapartida os conceitos são valores precisos e que respondem a princípios e leis que regem todas as coisas e todos os seres. Estes não podem ser interpretados mais além dos seus valores específicos, pois de contrário estão sujeitos a refutação.
A Concepção do Infinito é paradoxal, devido a que é como um gérmen de infinitas possibilidades que surge na mente humana, que por definição é limitada. No entanto, o conceito de Infinito ultrapassa estas limitações e para além disso justifica-as. É por esta razão que este conceito é também por definição, dialéctico e caracteriza uma mente filosófica, que é o seu ponto mais alto, contém uma abertura que contacta com uma esfera mais elevada e que lhe permite manter uma condição de juízo também aberto onde o objectivo não pode ser previsto, se não que surge como uma conclusão consciente, uma vez que todas as premissas foram respeitadas.
É uma espécie de regra mental que ensina a pensar estrategicamente.
Mais além dos limites existe a esfera do ilimitado e enquanto for concebida ela actua simultaneamente, dirigindo os processos da mente humana limitada pela opinião.
Deste ponto de vista o conceito de Infinito é alquímico e tem a capacidade de transmutar o pensamento humano, pois toda a mente que o conceba, nega os seus componentes limitados e reafirma os seus princípios permanentes e universais.
Por tudo o que foi exposto, o conceito de Infinito permite à mente humana não só um contacto, mas também uma linguagem consciente e coerente com o mistério.

·       A estrutura mental do Infinito
O feito de que exista uma linguagem para que o homem possa comunicar com aquele que está mais além do limitado, demonstra que o ilimitado se manifesta através de estruturas mentais, que lhe são próprias, e qualquer resposta a qualquer interrogador é por consequência de carácter oracular.
Encontramos exemplo disso no Livro das Transmutações (Yi King), na cultura chinesa. Mas também os Diálogos Platónicos, onde toda a resposta é relativa no caso do crescimento humano, o futuro.
Nada do que possamos aprender em relação à Sabedoria, ou ao conceito de Infinito nos pertence como domínio, ao contrário, é na prática um Ideal que alcançaremos algum dia, na medida em que nos integramos, na proporção directa do nosso esforço e trabalho de aperfeiçoamento e principalmente em tudo aquilo que possamos aportar e que tenha relação com o ideal proposto.
Se queremos saber algo devemos ter a capacidade de comprometermo-nos com a causa que este saber implica, e para além disso reunir de um modo correcto a maior quantidade de relações e associações devidas ao tema que queremos conhecer.
A estrutura mental do Infinito é pois, como uma pirâmide, é a sua parte mais alta (cume) chegamos a ela quando temos construído praticamente toda a pirâmide.
No entanto, e aqui radica um dos maiores segredos que os construtores das pirâmides possuíram, em qualquer ponto da obra esta estrutura final está representada como princípios os quais implicam uma estrutura ideal, que existiu, existe e existirá sempre. Como estrutura inscrita no Infinito e ela é de carácter abstracto.

·       A capacidade abstracta do Infinito
O Infinito é algo que ainda que oculto podemos intuir a sua presença, devido fundamentalmente a que o seu poder é origem e desenvolvimento de todos os poderes que possam ser conhecidos. Nada antes, nem nada depois, foi sempre tudo e esta realidade está impressa na memória e na recordação do Universo.
A memória do Infinito é a História do Universo e tudo isto já está escrito e ainda que oculto, está sempre presente.
Qualquer estudo que possamos fazer sobre o Universo corresponde sempre ao seu passado, vejamos por exemplo: as percepções que temos do que nos chega através de milhões de anos-luz, o que está a suceder agora, desconhecemo-lo e quando o chegarmos a conhecer será já passado.
De alguma maneira o nosso futuro já está a acontecer e se queremos estabelecer algum tipo de contacto, podemos fazê-lo através da imaginação. Considerando tudo isto, podemos dizer que o Universo, como nós o podemos observar, reúne o passado e o futuro num movimento sincronizado no qual algo está a suceder e ao mesmo tempo algo está a chegar sem interrupção nenhuma, como um grande círculo sem fim.
Pensando assim podemos concluir que a natureza da memória e da imaginação é a mesma. A diferença deve-se a que a primeira é um movimento retrógrado e a segunda um movimento emergente.
Como movimento retrógrado, está localizado ou com posição fixa e pode ser investigado de forma objectiva.
Como movimento emergente as suas consequências podem ser determinadas e podem ser investigadas de maneira subjectiva.
Entre o subjectivo da imaginação e o objectivo da memória, encontramos a capacidade abstracta do Infinito como uma “linha” de comunicação de ideias universais e de poderes inteligentes que regulam todas as coisas através de leis fixas.
A primeira visão que temos do Universo é como um véu (memória) que oculta uma visão dos sucessos que estão a ocorrer (imaginação). O sincronismo de ambos deve-se à acção do Infinito abstracto, que escapa a ambos e está constituído pela realidade.

A figura perfeita
Pitágoras ensina aos seus discípulos que o Universo é como uma esfera, uma vez que ela é a imagem mais perfeita que podemos imaginar.
Também ensina que a divindade está implícita na harmonia do Cosmos. Considerando estes 2 ensinamentos podemos obter um bom modelo original.

·       O Infinito como modelo
O que é uma esfera?
Em princípio uma esfera é um símbolo geométrico que contém uma ideia que é a harmonia. Já que nela todos os pontos que a constituem mantêm uma proporção constante em relação ao seu centro (esta proporção é descrita por Platão na Teoria do Conhecimento).- Figura 1
O que é a harmonia?
A harmonia é uma ideia que estabelece entre todos os elementos que constituem o Universo, uma relação infinita que se expressa mediante uma razão de medida, ritmo e proporção, como, preserva cada um desses elementos de acordo com as suas naturezas originais e puras, mas ao mesmo tempo impulsiona-os a relacionarem-se uns com os outros para criar a evolução. - Figura 2
Considerando tudo isto, o modelo do Infinito compreende um elemento comum a todos por um lado, e uma acção relativa a proporções diferentes que se produzem nesse elemento único, dando nascimento a elementos puros e misturados. - Figura 3
Tudo isto pode ser sintetizado em várias figuras:

Figura 1 - Símbolo do Infinito



 Figura 2 - O símbolo da Harmonia


  






Figura 3 - O modelo do Infinito








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·        Os poderes latentes
Já temos falado da memória e da imaginação, e que a primeira tem relação com o passado e a segunda com o futuro, mas se só as considerássemos faltar-nos-ia algo que as dinamize e articule. Portanto, devemos falar também de outras faculdades que quando associadas podem cada uma delas, “anexar” as outras.
A faculdade que “anexa” a memória é a atenção, e a que “anexa” a imaginação é o discernimento.
Por si só se fossem 4 faculdades, como as descritas, o modelo do Infinito não poderia ter uma relação directa com a mente humana, perdendo com isto (a mente) o seu potencial e profundidade necessária para estabelecer o contacto.
O acesso da consciência, como ápice central das 4 faculdades – Figura 4.

Figura 4









Este diagrama corresponde ao “pequeno modelo” e é a chave de entrada ao “grande modelo”. Quando estes 2 modelos coincidem, ou seja os elementos e as faculdades, surgem os poderes latentes no homem. Os quais se constituem na clara demonstração do Infinito através de uma manifestação que poderíamos definir como o Padrão Infinito.
A dificuldade para que isto surja é a existência do falso pequeno modelo.
Délia Steinberg Guzmán ensina-nos que existem algumas razões básicas pelas quais os poderes latentes não se desenvolvam, e estas são (Figura 5):
o   Porque pensamos que o tempo o faz (rotina/hábitos);
o   Porque consideramos que não é o momento evolutivo (fantasia);
o   Porque nunca nos propusemos fazer seriamente este trabalho (dispersão);
o   Pelos erros que arrastamos (insensatez).


Figura 5








O “pequeno modelo” desenvolve-se mediante o treino constante da concentração, que gera na mente a identificação ou o reconhecimento dos agregados à consciência como sendo coisas diferentes dele (distância).
A distância gera na mente um reconhecimento daquilo que pensamos como diferente daquilo que os demais pensam (tempo).
O tempo permite-nos prever as consequências das nossas acções, o que nos dá a capacidade de regular a intensidade delas (regulação).
A regulação permite-nos descobrir o movimento próprio de todas as acções que realizamos (ritmo).
O ritmo permite-nos integrar todos os conflitos do dia-a-dia, sem que nos modifiquem a trajectória (absorção).
A absorção permite-nos entender que todas as coisas que nos acontecem para mal se devem aos nossos pontos de ruptura ou fragilidade, e que se conseguimos superá-los adquirimos domínio sobre nós mesmos e também às situações e circunstâncias que nos rodeiam (controlo).

·       Aplicação do conceito Infinito
A chave deste aspecto radica no comportamento do Padrão Infinito.
O que quer isto dizer?
O facto de não existir este conceito cria uma mente fechada nas suas próprias percepções intelectuais, repetitivas e sem saída. Mas quando se incorpora nela o conceito de Infinito abre-se como uma flor e capta a energia do princípio activo. Esta energia permite que tanto a mente como os demais veículos humanos entrem em sintonia com o modelo de Infinito, e por consequência possam aplicá-lo no concreto.
Esta aplicação é o Padrão Infinito, que inicia o seu ciclo como uma percepção global de não interferência, e ao mesmo tempo de identificação com o Universo e a harmonia. O Padrão Infinito é um código de integração com a natureza e tem a capacidade de gerar um comportamento verdadeiramente moral, o qual se caracteriza por mostrar instantaneamente a solução real a qualquer problema que se apresente.
É um poder interno que desperta o que há de latente na alma humana, que ao desenvolver-se traz ao mundo a sua genialidade.
Em síntese o Padrão Infinito é a partícula que existe no homem do Infinito.

Conclusão
A ciência moderna já começa a experimentar com o “entrelaçamento” dos átomos e pôde constatar a possibilidade de “transportar” partículas (fotões) de um lugar a outro, facto que prova a Teoria da Simultaneidade de Albert Einstein. Que ao mesmo tempo prova o que H. P. Blavatsky ensinou na Doutrina Secreta, que o Universo é uno e que a matéria que o compõe imita e reflecte essa unidade de forma infinita.
Esta é a ideia central do conceito de Infinito, ou como diriam os egípcios, o mistério da unidade na multiplicidade.
Também os alquimistas ensinam que os elementos do Universo se estendem como uma rede de “canais” entrelaçados numa matéria (substrato) a qual lhe davam o nome simbólico de “nuvem branca”, o que é a causa material de todos os fenómenos que possam existir no Universo e chamavam operações alquímicas aos processos que o Logos gera quando impressiona com a sua vontade a “nuvem branca”, que se encarrega de reproduzir eternamente os modelos (impressões) que este (o Logos) emite. Desta união surge uma “energia constante” e que perdura para sempre construindo e destruindo simultaneamente, como um espelho no qual se reflecte o mistério do Infinito.
Este reflexo é uma energia única que está simultaneamente em todas as coisas, justificando tanto a identidade única de todas as coisas quanto as suas diferenças. É a esta relação que se designa o nome de Padrão Infinito e que para o homem se constitui como a vivência tanto interna como externa da existência real do Infinito.

Michel Echenique

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