Introdução
Grandes cientistas, como é o caso de
Plank e Einstein, consagraram os seus esforços de investigação na busca do absoluto,
e grande parte da abertura da ciência moderna deve-se bastante a eles.
No entanto, e ainda que
a base de inspiração das suas intuições se deva fundamentalmente à influência
de H. P. Blavatsky, viram-se muito limitados nas suas conclusões, por falta de
formação filosófica mais profunda, principalmente no que se refere a uma forma
de pensamento específica que é o que permite intermediar o abstracto com o concreto,
o não manifestado com o manifestado, enfim o incognoscível com o que pode ser
conhecido.
Refiro-me a uma
estrutura mental adequada para tratar esse magnífico tema e é aqui onde o conceito
de Infinito tem um papel fundamental e preponderante, já que antes de pensar e
reflectir sobre qualquer questão ou assunto é necessário gerar condições
mentais para trabalhar com o factor implícito da mente ou também o terceiro
excluído, pois se não for assim é impossível incluir o abstracto na estrutura
mental concreta, mal chamada razão.
A verdadeira razão
necessita de algo mais que relacione “desde
fora” os opostos e este algo mais, escapa à estrutura lógica do pensamento
humano, pois abraça o paradoxo, aspecto que não só liberta o pensamento mas também
o fecunda outorgando-lhe uma direcção atemporal, ou seja, uma espécie de “sexto sentido” como diria H. P.
Blavatsky. O sentido da permeabilidade.
Quando H. P. Blavatsky
trata o tema do absoluto transmite-nos um paradoxo genial, pois gera uma imagem
do Infinito extraordinariamente adequada, a qual designa como “a eternidade dinâmica”.
Este conceito é prévio a
qualquer outro, portanto, o marco para a estrutura mental que nos propõe.
De acordo com isto o
conceito ou os conceitos formam parte de categorias hierarquizadas que devem
ser consideradas e respeitadas.
Antes da elaboração de
qualquer conceito é necessário enquadrar a natureza do pensamento num modelo
que não produza interferência, mas ao mesmo tempo o canalize, como o leito
canaliza um rio. Não é possível pensar filosoficamente e cientificamente sem
esta condição, e é aqui no meu modo de ver onde encontramos o valor mais
destacado de uma clara concepção de Infinito, já que centraliza a mente
outorgando parâmetros coerentes, adequando-a a um modelo verdadeiramente
universal.
Encontramos exemplo
desta coerência naquela frase egípcia que ensina “o que foi, é e sempre será”, que nos permite transcender a medida
convencional do tempo tornando-o “duração”.
Aquele outro exemplo do
catecismo esotérico, que pergunta: “O que
é aquele que sempre é?” O espaço, o eterno, Anupadaka.
O que nos permite
entender a substância inamovível, onde tudo se manifesta, evolui e volta ao não
manifestado.
Antes de conhecer algo
de forma verdadeira é necessário circunscrevê-lo e, o que é aquilo que pode circunscrever
sem o afectar? Tão só o Infinito, já que este é como um véu permeável que
permite intuir o que há mais além do tal limite. É como se estivéssemos num
recinto rodeado por cortinas translúcidas com uma luz que sai e outra que entra
na mesma intensidade. Todos os objectos que existem dentro e fora seriam
retratados nas cortinas e poderíamos estudá-los com calma porque de algum modo
misterioso estariam fixos desta forma, sendo o Infinito o limite da nossa
mente, não a afoga antes a treina e desenvolve.
Atrevamo-nos
então a observar constantemente em todas as coisas os seus limites
concomitantes com o Infinito e quando tudo se dissolver num mistério recôndito,
ou seja no próprio Infinito, repitamos no mais íntimo dos nossos corações:
“Nada para nós, Senhor, nada para nós, tudo para a glória do teu nome”.
O Infinito nas suas relações inteligíveis
Existe a possibilidade
de nos relacionarmos com o Infinito?
A pergunta por si só
implica numa inteligência que concebe a possibilidade, por consequência este
mistério pode ser tornado inteligível de forma coerente, caso contrário não
poderíamos formular tal pergunta.
É justamente o homem que
pode projectar a sua própria consciência inteligente em algo que o transcende e
ao mesmo tempo o supera e excede e é aqui que se fundamenta o princípio
dialéctico ou a linguagem com o Infinito.
Esta é uma linguagem
viva e consciente que nos predispõe para entender os princípios morais, o
princípio activo da vida e o eterno contínuo.
· O Infinito como princípio moral
O conhecimento
científico representa uma forma de ver o mundo, isso não significa que seja
real, pois é apenas um sistema que adequa o pensamento humano a um modelo
virtual que explica, desde o particular ponto de vista do homem, os fenómenos
que contempla.
Alguns pretendem
demonstrar a realidade do conhecimento científico porque este é capaz de
manifestar-se tecnologicamente.
Mas isto não é
exactamente assim, pois é o pensamento humano quem possui o poder de criar e
manifestar feitos para o bem e para o mal. A tecnologia só demonstra uma forma
de pensar, nada mais.
Se bem que a Filosofia
também é um sistema que se baseia num modelo mental, ela é capaz de gerar um modelo
mais universal, pelo feito de concebê-lo em termos de Infinito e isso dá ao
pensamento filosófico uma conotação moral.
O Infinito e a sua lei
periódica de manifestação e não manifestação ou de fluxo e refluxo é o modelo
(pai - mãe) do Universo manifestado. E este seu filho, exemplo de harmonia, e é
nela que o princípio moral nasce como imitação de um comportamento exemplar.
A moral como ciência do
comportamento humano estabelece-se tal como quando todas as possíveis medidas, ritmos,
e proporções se sintetizam na unidade do Infinito como princípio e fim de todas
as coisas.
É aqui onde nasce a
atemporalidade do conhecimento moral, através de uma religiosidade natural e
universal.
Porque devemos viver
moralmente?
Como viver moralmente?
Em primeiro, porque o Infinito
se manifesta como um imperativo categórico, que não deixa nada solto, ou ao acaso
e queiramos ou não regula todas as coisas por meio de leis inexoráveis que mais
tarde ou mais cedo acabam prevalecendo acima de qualquer outra consideração.
Em segundo, eliminando
toda e qualquer interferência que nos oculte o modelo universal da harmonia que
chama a alma humana a um diálogo e a uma convivência íntima através do amor
pelo belo, pelo justo e pelo bom.
· O Infinito como princípio
"activo"
De acordo com Platão o
Universo constitui-se a partir de ideias, as quais ainda que fixas, de um ponto
de vista, até outro, movem-se em virtude de uma outra ideia descrita por ele
como Dinamis, se bem que não é um movimento
como nós o entendemos, é uma condição para que este se produza, é como os pré-socráticos
dizem: uma ideia de movimento, onde os átomos se encontram, sendo atraídos e
expulsos continuamente.
Este “fundo” onde os átomos se movem é um princípio “activo” para sempre e desde sempre, ou seja o Infinito.
Não é pois a energia
potencial, nem cinética, mas a síntese de ambas, ou seja um princípio genuíno
que se mantém sempre fiel a si mesmo, sem atributos nem qualidades e não sendo
uma magnitude, contém-nas a todas.
Este princípio “activo” gera no universo um
ápice e ao mesmo tempo um centro presente em tudo, cujo círculo contém todas as
coisas sem ser contido por nada.
Com ápice gera uma
marca, que é a origem e ao mesmo tempo o fim da mente, ou seja o princípio da inteligência
universal e como círculo concêntrico o princípio da vida ou existência única.
Sendo assim, este princípio “activo” intervém em todas as
operações do universo, mas ao mesmo tempo mantém-se fiel a si mesmo, sem nenhum
tipo de condicionamento. O mero feito de concebê-lo já transmite ao pensamento
humano uma propriedade dialéctica, que lhe dá a capacidade de mover-se numa
direcção semelhante à do Universo e daqui provém a faculdade da mente humana de
entender as ideias que servem de modelo para a manifestação de todas as coisas
e visto deste ângulo, o Infinito é o princípio
“activo” por excelência e abstracto, ou seja o movimento abstracto.
· O Infinito como eterno contínuo
A concepção do movimento
abstracto, paradoxalmente, leva-nos a uma “visão
pragmática” do Cosmos, e é nela que se fundamenta o simbolismo filosófico,
que parte duma evidência acima de qualquer premissa.
Isto significa como
dizia Giordano Bruno, que o Universo é o mais claro vestígio de Deus. O que nos
permite entender que antes do Universo nascer já era e quando este “morrer” continuará a ser.
Portanto o Infinito concebe-se
como eterno e contínuo ou de continuidade eterna, ou eternidade dinâmica como H.
P. Blavatsky o define.
Esta concepção anula o
tempo como medida de todas as coisas e reafirma a condição do espaço como
origem e fim de todos os processos, como continente que não está sujeito a ser
contido por alguma outra ideia.
Sendo assim o Infinito é
presença constante em todos os processos, circunstâncias, lugares, formas, etc,
etc., ou seja, antes, durante e depois, sendo assim conceptualmente falando a
medida de todas as coisas.
A razão científica como interpretação dos mistérios
filosóficos
A que se referia Platão
quando dizia que a ciência é o conhecimento dos objectos reais?
Qual seria a diferença
entre este conhecimento científico e o filosófico?
Porquê na Academia se
exigia o conhecimento das ciências para estudar Filosofia?
Estas perguntas mais do
que os seus resultados específicos, apontam todas para um mesmo objectivo que é
o de qualquer estudo que se pretenda fazer para conhecer a verdade, o mistério
ou como queiramos chamar a tudo o que contemplamos sem saber realmente o que
tudo isso é, necessita de noções, valores, parâmetros, especificações, etc.,
claros e definidos, que não tenham sido fixados arbitrariamente por ninguém,
para além que respondam não só a uma tradição universal como também à
demonstração dialéctica do objecto procurado, seja uma ideia ou um poder sobre
qualquer elemento.
Confúcio dizia que antes
de educar era necessário definir conceptualmente os objectos assinalados pela linguagem.
Pois bem. O que
significa a palavra “conceito”?
De acordo com a
etimologia latina encontramos o seguinte:
CONCEITO: acção de conter, enquadrar, concepção (de espírito), redacção,
fórmula.
CONCEPTUM: feto, fruto.
CONCIPIÔ: receber, brotar, imaginar, dar lugar a uma ideia ou sentimento,
absorver, expressar, pronunciar ou jurar de acordo com uma fórmula,
inflamar-se, incendiar-se, planificar.
CONCEPTUS: acção de receber, germinação.
A tendência geral destas
4 acepções é a de considerar a palavra “conceito”
como um elemento de transmissão e recepção de forças inteligentes que
manifestam processos de vida com os seus ciclos de nascimento, desenvolvimento
e conclusão.
Ao mesmo tempo podemos
entender a palavra “conceito” como um
processo de “ressonância” entre
níveis de percepção diferentes e por consequência um acto mental de
reconhecimento de identidades e diferenças.
· O conceito de Infinito como paradoxo
No domínio da opinião
comum, a definição de um objecto depende da sua localização no tempo, das suas circunstâncias
e relações, das suas características e qualidades externas, mas para além disso
e que acaba por ter maior influência, dos interesses que se tenham em relação
ao que está definido, pelo que poderíamos dizer que esta é falsa quanto aos
seus propósitos finais. Não possui conotação moral e carece de conhecimento.
Em contrapartida os
conceitos são valores precisos e que respondem a princípios e leis que regem
todas as coisas e todos os seres. Estes não podem ser interpretados mais além
dos seus valores específicos, pois de contrário estão sujeitos a refutação.
A Concepção do Infinito
é paradoxal, devido a que é como um gérmen de infinitas possibilidades que
surge na mente humana, que por definição é limitada. No entanto, o conceito de Infinito
ultrapassa estas limitações e para além disso justifica-as. É por esta razão
que este conceito é também por definição, dialéctico e caracteriza uma mente
filosófica, que é o seu ponto mais alto, contém uma abertura que contacta com
uma esfera mais elevada e que lhe permite manter uma condição de juízo também
aberto onde o objectivo não pode ser previsto, se não que surge como uma
conclusão consciente, uma vez que todas as premissas foram respeitadas.
É uma espécie de regra
mental que ensina a pensar estrategicamente.
Mais além dos limites
existe a esfera do ilimitado e enquanto for concebida ela actua
simultaneamente, dirigindo os processos da mente humana limitada pela opinião.
Deste ponto de vista o
conceito de Infinito é alquímico e tem a capacidade de transmutar o pensamento humano,
pois toda a mente que o conceba, nega os seus componentes limitados e reafirma
os seus princípios permanentes e universais.
Por tudo o que foi
exposto, o conceito de Infinito permite à mente humana não só um contacto, mas
também uma linguagem consciente e coerente com o mistério.
· A estrutura mental do Infinito
O feito de que exista
uma linguagem para que o homem possa comunicar com aquele que está mais além do
limitado, demonstra que o ilimitado se manifesta através de estruturas mentais,
que lhe são próprias, e qualquer resposta a qualquer interrogador é por
consequência de carácter oracular.
Encontramos exemplo
disso no Livro das Transmutações (Yi King), na cultura chinesa. Mas também os
Diálogos Platónicos, onde toda a resposta é relativa no caso do crescimento
humano, o futuro.
Nada do que possamos
aprender em relação à Sabedoria, ou ao conceito de Infinito nos pertence como
domínio, ao contrário, é na prática um Ideal que alcançaremos algum dia, na
medida em que nos integramos, na proporção directa do nosso esforço e trabalho
de aperfeiçoamento e principalmente em tudo aquilo que possamos aportar e que
tenha relação com o ideal proposto.
Se queremos saber algo
devemos ter a capacidade de comprometermo-nos com a causa que este saber
implica, e para além disso reunir de um modo correcto a maior quantidade de
relações e associações devidas ao tema que queremos conhecer.
A estrutura mental do Infinito
é pois, como uma pirâmide, é a sua parte mais alta (cume) chegamos a ela quando
temos construído praticamente toda a pirâmide.
No entanto, e aqui
radica um dos maiores segredos que os construtores das pirâmides possuíram, em
qualquer ponto da obra esta estrutura final está representada como princípios
os quais implicam uma estrutura ideal, que existiu, existe e existirá sempre.
Como estrutura inscrita no Infinito e ela é de carácter abstracto.
· A capacidade abstracta do Infinito
O Infinito é algo que
ainda que oculto podemos intuir a sua presença, devido fundamentalmente a que o
seu poder é origem e desenvolvimento de todos os poderes que possam ser
conhecidos. Nada antes, nem nada depois, foi sempre tudo e esta realidade está
impressa na memória e na recordação do Universo.
A memória do Infinito é
a História do Universo e tudo isto já está escrito e ainda que oculto, está
sempre presente.
Qualquer estudo que
possamos fazer sobre o Universo corresponde sempre ao seu passado, vejamos por exemplo:
as percepções que temos do que nos chega através de milhões de anos-luz, o que
está a suceder agora, desconhecemo-lo e quando o chegarmos a conhecer será já
passado.
De alguma maneira o
nosso futuro já está a acontecer e se queremos estabelecer algum tipo de
contacto, podemos fazê-lo através da imaginação. Considerando tudo isto,
podemos dizer que o Universo, como nós o podemos observar, reúne o passado e o
futuro num movimento sincronizado no qual algo está a suceder e ao mesmo tempo
algo está a chegar sem interrupção nenhuma, como um grande círculo sem fim.
Pensando assim podemos
concluir que a natureza da memória e da imaginação é a mesma. A diferença
deve-se a que a primeira é um movimento retrógrado e a segunda um movimento
emergente.
Como movimento
retrógrado, está localizado ou com posição fixa e pode ser investigado de forma
objectiva.
Como movimento emergente
as suas consequências podem ser determinadas e podem ser investigadas de maneira
subjectiva.
Entre o subjectivo da
imaginação e o objectivo da memória, encontramos a capacidade abstracta do Infinito
como uma “linha” de comunicação de ideias universais e de poderes inteligentes
que regulam todas as coisas através de leis fixas.
A primeira visão que
temos do Universo é como um véu (memória) que oculta uma visão dos sucessos que
estão a ocorrer (imaginação). O sincronismo de ambos deve-se à acção do Infinito
abstracto, que escapa a ambos e está constituído pela realidade.
A figura perfeita
Pitágoras ensina aos
seus discípulos que o Universo é como uma esfera, uma vez que ela é a imagem
mais perfeita que podemos imaginar.
Também ensina que a
divindade está implícita na harmonia do Cosmos. Considerando estes 2
ensinamentos podemos obter um bom modelo original.
· O Infinito como modelo
O que é uma esfera?
Em princípio uma esfera
é um símbolo geométrico que contém uma ideia que é a harmonia. Já que nela
todos os pontos que a constituem mantêm uma proporção constante em relação ao
seu centro (esta proporção é descrita por Platão na Teoria do Conhecimento).- Figura 1
O que é a harmonia?
A harmonia é uma ideia
que estabelece entre todos os elementos que constituem o Universo, uma relação infinita
que se expressa mediante uma razão de medida, ritmo e proporção, como, preserva
cada um desses elementos de acordo com as suas naturezas originais e puras, mas
ao mesmo tempo impulsiona-os a relacionarem-se uns com os outros para criar a
evolução. - Figura 2
Considerando tudo isto,
o modelo do Infinito compreende um elemento comum a todos por um lado, e uma acção
relativa a proporções diferentes que se produzem nesse elemento único, dando
nascimento a elementos puros e misturados. - Figura 3
Tudo isto pode ser
sintetizado em várias figuras:
Figura 1 - Símbolo do Infinito
Figura 2 - O símbolo da Harmonia
Figura 3 - O modelo do Infinito
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· Os poderes latentes
Já temos falado da
memória e da imaginação, e que a primeira tem relação com o passado e a segunda
com o futuro, mas se só as considerássemos faltar-nos-ia algo que as dinamize e
articule. Portanto, devemos falar também de outras faculdades que quando
associadas podem cada uma delas, “anexar”
as outras.
A faculdade que “anexa” a memória é a atenção, e a que “anexa” a imaginação é o discernimento.
Por si só se fossem 4
faculdades, como as descritas, o modelo do Infinito não poderia ter uma relação
directa com a mente humana, perdendo com isto (a mente) o seu potencial e profundidade
necessária para estabelecer o contacto.
O acesso da consciência,
como ápice central das 4 faculdades – Figura
4.
Figura 4
Este diagrama
corresponde ao “pequeno modelo” e é a
chave de entrada ao “grande modelo”.
Quando estes 2 modelos coincidem, ou seja os elementos e as faculdades, surgem
os poderes latentes no homem. Os quais se constituem na clara demonstração do Infinito
através de uma manifestação que poderíamos definir como o Padrão Infinito.
A dificuldade para que
isto surja é a existência do falso pequeno modelo.
Délia Steinberg Guzmán
ensina-nos que existem algumas razões básicas pelas quais os poderes latentes
não se desenvolvam, e estas são (Figura
5):
o
Porque
pensamos que o tempo o faz (rotina/hábitos);
o
Porque
consideramos que não é o momento evolutivo (fantasia);
o
Porque
nunca nos propusemos fazer seriamente este trabalho (dispersão);
o
Pelos
erros que arrastamos (insensatez).
Figura 5
O “pequeno modelo” desenvolve-se mediante o treino constante da
concentração, que gera na mente a identificação ou o reconhecimento dos
agregados à consciência como sendo coisas diferentes dele (distância).
A distância gera na
mente um reconhecimento daquilo que pensamos como diferente daquilo que os
demais pensam (tempo).
O tempo permite-nos
prever as consequências das nossas acções, o que nos dá a capacidade de regular
a intensidade delas (regulação).
A regulação permite-nos
descobrir o movimento próprio de todas as acções que realizamos (ritmo).
O ritmo permite-nos
integrar todos os conflitos do dia-a-dia, sem que nos modifiquem a trajectória
(absorção).
A absorção permite-nos
entender que todas as coisas que nos acontecem para mal se devem aos nossos
pontos de ruptura ou fragilidade, e que se conseguimos superá-los adquirimos
domínio sobre nós mesmos e também às situações e circunstâncias que nos rodeiam
(controlo).
· Aplicação do conceito Infinito
A chave deste aspecto
radica no comportamento do Padrão Infinito.
O que quer isto dizer?
O facto de não existir
este conceito cria uma mente fechada nas suas próprias percepções intelectuais,
repetitivas e sem saída. Mas quando se incorpora nela o conceito de Infinito
abre-se como uma flor e capta a energia do princípio activo. Esta energia
permite que tanto a mente como os demais veículos humanos entrem em sintonia
com o modelo de Infinito, e por consequência possam aplicá-lo no concreto.
Esta aplicação é o
Padrão Infinito, que inicia o seu ciclo como uma percepção global de não
interferência, e ao mesmo tempo de identificação com o Universo e a harmonia. O
Padrão Infinito é um código de integração com a natureza e tem a capacidade de
gerar um comportamento verdadeiramente moral, o qual se caracteriza por mostrar
instantaneamente a solução real a qualquer problema que se apresente.
É um poder interno que
desperta o que há de latente na alma humana, que ao desenvolver-se traz ao
mundo a sua genialidade.
Em síntese o
Padrão Infinito é a partícula que existe no homem do Infinito.
Conclusão
A ciência moderna já começa a
experimentar com o “entrelaçamento”
dos átomos e pôde constatar a possibilidade de “transportar” partículas (fotões) de um lugar a outro, facto que
prova a Teoria da Simultaneidade de Albert Einstein. Que ao mesmo tempo prova o
que H. P. Blavatsky ensinou na Doutrina Secreta, que o Universo é uno e que a
matéria que o compõe imita e reflecte essa unidade de forma infinita.
Esta é a ideia central
do conceito de Infinito, ou como diriam os egípcios, o mistério da unidade na multiplicidade.
Também os alquimistas
ensinam que os elementos do Universo se estendem como uma rede de “canais” entrelaçados numa matéria
(substrato) a qual lhe davam o nome simbólico de “nuvem branca”, o que é a causa material de todos os fenómenos que
possam existir no Universo e chamavam operações alquímicas aos processos que o Logos gera quando impressiona com a sua
vontade a “nuvem branca”, que se
encarrega de reproduzir eternamente os modelos (impressões) que este (o Logos) emite. Desta união surge uma “energia constante” e que perdura para
sempre construindo e destruindo simultaneamente, como um espelho no qual se reflecte
o mistério do Infinito.
Este reflexo é uma
energia única que está simultaneamente em todas as coisas, justificando tanto a
identidade única de todas as coisas quanto as suas diferenças. É a esta relação
que se designa o nome de Padrão Infinito e que para o homem se constitui como a
vivência tanto interna como externa da existência real do Infinito.
Michel
Echenique